segunda-feira, 17 de junho de 2013

Uma posição estranha quanto à greve dos professores

Há poucos assuntos que me deixam numa ambivalência tão grande como esta greve dos professores neste dia de exame de língua portuguesa. Começo por dizer que respeito e admiro imenso a profissão de professor. São a base, a estrutura de todas as aprendizagens que fazemos ao longo da vida, ensinam-nos a ler, a escrever, a contar e, acima de tudo e mais importante, a pensar. Como em tudo na vida, tive professores bons e professores maus. Com os primeiros aprendi imenso, cresci, tornei-me uma adulta com pensamento crítico capaz de enfrentar etapas mais atrozes como a universidade e, mais tarde, o mundo laboral. Com os segundos, aprendi nada mais nada menos do que a valorizar os primeiros. Compreendo todos os argumentos que apresentam, as injustiças que sentem e a necessidade que têm de fazer com que valorizem a sua profissão. Mas hoje, hoje sinto um aperto estranho com a luta deles. Não consigo não me colocar na pele de milhares de alunos que passaram estas últimas semanas a estudar na permanente incerteza da existência ou não de exame. Não consigo deixar de pressentir a aflição que sentiria, eu, pessoa dada a apertos ansiógenos em fases de exames. Não consigo imaginar o que será chegar à escola pronto para apresentar tudo o que sei e ouvir que não há exame, que tenho de voltar não se sabe bem quando, nem se sabe bem como. Não consigo deixar de sentir a frustação de não ter a tarde de hoje como aquele descanso merecido depois da luta: a luta ainda nem começou dizem eles. Compreendo todos os argumentos dos professores, assim como as evidências de que o ensino enquanto instituição social está também a massacrar as oportunidades dos alunos. Mas fui aluna até há muito pouco tempo. Ainda sinto ainda aquele aperto no estômago que caracteriza a vésperas das grandes provas, ainda sei o que é ansiar pelas horas a seguir à conclusão do exame.  Talvez a minha ansiedade crónica de recente ex-aluna me esteja a toldar o discernimento. Há alguém por aí nesta situação ou que tenha uma opinião bem fundamentada acerca deste assunto? Estou no meio da ponte e, acreditem, há muito poucos assuntos que me deixam assim.  

1 comentário:

  1. Só o ano passado deixei de ser aluna, depois de 16 anos de interregno (entre licenciatura e mestrado). E seja como for, acho que um bom aluno está preparado ou hoje ou amanhã. E acho que o futuro dos professores, se não lutarem, não existe, ou seja, não têm amanhã!

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