quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Adulto inacabado...


Ontem dei por mim a ler na HAPPY deste mês um artigo intitulado "O que é ser adulto hoje?". Percebi, no decorrer da leitura que eu (e mais meio mundo da minha idade) me encaixava num perfil a que eles chamavam de "adulto inacabado". Esta espécie, dizem eles, tem entre 25 e 44 anos, vive em união de facto, é divorciado ou solteiro, tem ensino secundário ou licenciatura e uma profissão intelectual. A parte do inacabado deixou-me a pensar e sim, sinto que o somos. Mas com isso não queiramos dizer que somos conformistas, estagnados ou que nos resignamos com metas de  fácil alcance. Pelo contrário, acho que posso dizer que somos uma das gerações com maior capacidade de luta e resiliência. Crescemos a sentir que, tal como aconteceu com os nossos pais, tudo iria ser fácil e intuitivo. Muito deles não tiveram oportunidades de ensino superior e nós conseguimo-lo. Porém contrariamente ao que acontecia em anos anteriores não tivemos emprego já nos primeiros anos de faculdade e no final tivemos de lutar muito para ter um. Muitos de nós não conseguiram ainda mas nem por isso desistiram: reinventaram-se, aprenderam novas coisas, construíram novas ideias, criaram novos negócios e forma de crescer. Foram procurar, falar com pessoas e criar oportunidades. E o mais engraçado? É que muitas dessas pessoas que foram jovens nos anos de ouro nem sequer sabem valorizar o nosso trabalho. Tiveram tudo e mesmo assim não aprenderam a ter a sapiência de ensinar e valorizar novas pessoas e conhecimentos. Pior, são os que mais se queixam. E nós, que não temos um emprego das 9h às 17h como muitos deles e que passamos muitas noites a trabalhar sem receber nada em troca, que temos muitas vezes de ir para longe à procura das oportunidades, que vivemos de recibos verdes e nos dividimos por 5 empregos, nós é que somos os jovens desmazelados que não fazem nem sabem nada. Não quero cair no erro das generalizações mas sinto que é essa a ideia que ainda povoa muitas dessas cabeças.

Espero apenas que daqui a uns anos, quando esses adultos forem mais velhos olhem para nós com o respeito que sei que o esforço que fizemos merece, percebendo o papel que tivemos para criar uma sociedade mais pró-ativa e empreendedora. Tivéssemos nós tido a postura de muito deles e veríamos o quão pior tudo estaria a ser. 



6 comentários:

  1. Pois... é melhor não cairmos em generalizações, porque nem os jovens de hoje são culpados da porcaria em que o país se transformou, nem a geração dos ditos "anos de ouro" tem culpa de ter começado a trabalhar aos 12 anos.
    Apontemos as armas a quem tem governado o país nos últimos 35 anos, a quem roubou os subsídios vindos da UE e deixou o desenvolvimento na gaveta.
    Nós, os jovens e os menos jovens, somos apenas as vítimas e não ganhamos nada de costas voltadas ou atirando pedras uns aos outros.

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  2. Somos, de facto, adultos muito diferentes dos que foram os nossos pais. Basta olhar para a idade média de saída de casa dos pais, e a maioria deles tinha na altura tantas ou menos condições que a maioria dos jovens têm hoje em dia. Acho que não tem tanto a ver com a crise, mas sim com a mudança de valores e prioridades.

    estenaoeumbloguedemoda.wordpress.com

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  3. Primeiro eramos a geração rasca, agora somos adultos inacabados! Que geração ridícula esta antes da nossa com a mania que eles é que sabiam tudo! Se fossem assim tão bons não nos tinham deixado de herança o país no estado em que deixaram!!
    Bj S

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  4. Realmente acho que somos a geração que mais críticas negativas recebe... Somos tudo e mais alguma coisa de mau. E realmente pelo menos aquilo que eu vejo e tendo em conta a minha experiência e a minha primeira pessoa, eu com apenas 22 anos já tive que suportar dois empregos ao mesmo tempo que andava na faculdade e já tive de emigrar à procura de coisa melhor. Acabei por voltar porque as saudades já me moíam mas considero-me tudo menos parte dessa geração à rasca que nos chamam...

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  5. Quem define isso? Cada um escolhe o seu destino... mas infelizmente a vida pouco nos deixa fazer.

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  6. Gosto muito do que escreves, e identifico-me muito com as tuas palavras. Este post é mais um exemplo disso mesmo. A nossa geração já foi muito criticada, mas no fim de contas somos nós que temos a "obrigação" de mudar isto, a situação em que nos encontramos. De um momento para o outro passamos a ser a esperança, já não somos a desgraça...

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