segunda-feira, 13 de maio de 2013

O que eu queria mesmo...

... era uma máquina de tomar decisões. Uma que se colocassem lá todos os fatores envolvidos e ela decidisse qual a melhor opção a tomar. Uma coisa simples, já nem peço algoritmos muito elaborados, qualquer coisita que ponderasse custos e ganhos de forma limpa, sem os artefactos daquilo a que chamamos sentimentos. Depois da solução estar tomada nós não poderíamos mudar nada: era definitivo. Confesso que sou péssima a tomar decisões. Desde a roupa que vou vestir até à atividade do meu futuro. Quem vê de fora acha que não, acha que sou muito decidida e que já pensei nas coisas antes delas acontecerem. Erram na primeira parte. Sozinha, hesito várias vezes e mesmo depois de tomar as decisões tenho sempre alguns medos. Mas penso muito nas coisas, ai isso penso. Antes da decisão, durante, depois. O meu cérebro é uma máquina barulhenta e tantas vezes me apetece saber ligar o modo "deixa andar para ver no que vai dar". Mas não sei. Por muito que tente essa "doce despreocupação" é-me inatingível. Se alguém conhecer a máquina, que mo diga por favor...

Esta semana começamos assim... Uma boa semana a todos*

Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio.

(Memórias de Minhas Putas Tristes - Pg. 74)
Gabriel García Márquez

2 comentários:

  1. Há decisões muito difíceis de tomar, mas conseguimos sempre dar a volta por cima! Força e boa semana!

    ResponderEliminar
  2. Compreendo-te tão bem. Tenho alturas assim também.

    ResponderEliminar