quinta-feira, 28 de março de 2013

Os venenos mais fortes...

Hoje fui comprar um perfume. Quando comecei a pedir as opções, a funcionária da loja mostrou um ar de pânico. A cada um deles o ar ia-se agravando e ela quase que me pedia para eu parar de lhe causar aquela dor. Dizia ela que quase ninguém pedia aqueles perfumes. Dizia ela que era tão fortes que a maioria não suportava o cheiro. Saí de lá a sentir-me uma aberração no que toca a cultura perfumistica. Mas também saí de lá a perceber a Clarice. É assim mesmo que eu sou. E não, não é só nos perfumes.



"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… 
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. 
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: - E daí? Eu adoro voar! 
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. 
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. 
Não me façam ser quem não sou. 
Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. 
Não sei amar pela metade. 
Não sei viver de mentira. 
Não sei voar de pés no chão. 
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre." 

Clarice Lispector


Voltando aos perfumes, partilho o meu Top 3:




terça-feira, 26 de março de 2013

Porque aqui passa-se de Italo Calvino para Avenida Brasil....

Estava há pouco a falar com a minha mãe que me dizia que estava arrependida de ter começado a ver a novela Avenida Brasil. Confesso que achei estranho quando ela quis ver porque deve ser a pessoa que eu conheço que menos passa cartão a novelas. Mas as colegas gostaram, a crítica era boa, a Dilma adiou um congresso para ver o final...Era de dar o benefício da dúvida. Agora, diz que está cheia porque, segundo ela "andam há 3 semanas para desenvolver uma coisa que está mesmo à frente dos olhos de todos, aquela nina é uma sonsa chata e por aí. Salva-se o Adauto e a Suelen". Eu não vejo a novela mas depois desta descrição fui pesquisar as duas personagens que seduziram a minha mãe. Pensei eu que era por serem bons atores, por terem participações relevantes. Não. Claro que não é. É por isto:





segunda-feira, 25 de março de 2013

Incentivo à leitura*

Sendo novinha pelos lados da blogosfera, ainda não tinha recebido nenhum desafio. E não é que A Rainha me fez um? E que desafio. Aceitei de imediato pela causa que é. Para mim, a leitura dá-nos das bagagens mais recheadas que podemos dispôr para enfrentar o mundo. 


Adoro ler desde nova. Fui crescendo e as leituras foram mudando, assim como o tempo que tinha para elas. Com a faculdade a coisa complicou-se mais e dei por mim a dirigir muita atenção para os livros mais científicos. Neste momento, estou numa fase de recuperar hábitos com o "Inverno do nosso Descontentamento" de Steinbeck sempre debaixo do braço***

Respondendo à pergunta "Qual o livro que indicarias para uma pessoa começar a ler?": 




O romance de Ítalo Calvino narra a história de um Leitor sem nome, que devido a vicissitudes extrínsecas ao seu controlo não consegue acabar de ler os contos que inicia. No decorrer de toda a história, que contempla não só as acções das personagens principais mas também os extractos inacabados de contos, somos “abrangidos” por uma panóplia de tempos e espaços que na sua complexidade acabam por representar momentos de elucidação para a compreensão de todo o romance. No final, apercebemo-nos de toda uma organização de uma máfia de contra-fracção e falsificação de obras literárias pertencentes a um autor em decadência que vivia em clausura, Silas Flannery, máfia essa que tinha como seu fundador Hermes Marana, que, a pedido de um shake que não queria que a sua mulher fosse embora motivada pelo tédio, falsificava e alterava obras de diferentes autores para esta ler. Os contos interrompidos acabam por conferir uma vertente inacabada ao romance, uma vez que, não sendo estes mais do que o mote para a construção da acção, acabam por incutir também em nós uma inquietude que nos impele a imaginar de que forma poderia a história acabar. 

quinta-feira, 21 de março de 2013

Voltando ao Bieber, graças ao santos que não tatuei o nome deste...


Eu gostava dele. Única e exclusivamente quando ele fez o papel de Pedro. Não porque ele representasse bem (desculpa lá mas algumas partes em que te declaravas à Mariana parecias eu a dizer o quanto gosto de cozinhar), não porque fosse extraordinariamente bonito (nunca gostei muito de rapazes de olhos claros e os caracóis em mim chegavam),... Talvez gostasse dele por representar a esperança que um maria rapaz tinha em encontrar um príncipe encantado. Não soube muito mais dele depois daí. Até que hoje vi isto e pensei: Pedro aka Zeca, porque é que também tu me desiludes? Havia realmente uma grande necessidade disto? 


Não quero, não gosto e que me perdoem se estiver a ser injusta. Mas aquelas mãos dele parecem-me estar na mesma posição de quando ele pedia desculpas à Mariana por a ter traído com 3890988736 mulheres. 

quarta-feira, 20 de março de 2013

A felicidade e a primavera...

E palmas para quem juntou estes dois dias... As mesmas palmas que bato para quem juntou o recheio de doce de morango ao chocolate Milka, os Ala dos Namorados aos Shout, os U2 à Mary J. Blige e a tudo o que junto resultou ainda melhor que separado.  






P.s.: Seria eu a única a ainda acreditar que a primavera só começava amanhã? O que é que mudou que eu não percebi? 

segunda-feira, 18 de março de 2013

E não é que temos o Maior Álbum Fotográfico do Mundo em Portugal?


Tem 8m x 4.5m, 10 000 fotografias das diferentes regiões de Portugal e foi produzido por uma empresa de álbuns fotográficos digitais do Norte, a Dreambooks. Conta com embaixadores como o Diogo Morgado, o Renato Godinho, a Maria Gambina, entre outros. O Diogo Morgado realizou inclusive uma viagem por Portugal do qual resultou um documentário que podem ver aqui.

Agora, como podem ver aqui, este álbum foi distinguido pelo Guiness com o título de Maior Álbum Fotográfico do Mundo.

Numa fase tão complicada como esta, que bom que é ouvir estas notícias. Portugal é realmente fantástico e quem gosta de fotografia como eu não pode ficar indiferente a toda esta iniciativa.

Parabéns à Dreambooks, Parabéns a Portugal.









quinta-feira, 14 de março de 2013

Abaixo a discriminação dos sobredotados...


Isto de se arranjar emprego está mesmo difícil. Tenham como exemplo o excerto do anúncio que vos apresento em baixo. Cidadãos de nacionalidade portuguesa? não é difícil. Licenciados em enfermagem com pelo menos 18 anos de idade completos? Isso já é mais difícil e vai excluir muita gente.

Mesmo assim partilho pois é uma boa oportunidade para a malta de enfermagem (com mais de 18 anos, que me desculpem os outros sobredotados que acabaram o curso aos 15). Ver anúncio todo aqui.

"Esta oportunidade destina-se a cidadãos de nacionalidade portuguesa, licenciados em Enfermagem e com, pelo menos, 18 anos de idade completos".


quarta-feira, 13 de março de 2013

Independentemente de tudo...

... de qualquer crença, de qualquer ideologia ou religião... Um papa que se emociona, qua agradece, que se ri e que faz rir a multidão que o espera traz uma ponta de esperança consigo. 


buena suerte papa francisco*


terça-feira, 12 de março de 2013

Desabafos de uma cabeça que hoje doi...

Queria gostar do improviso assim como gosto das regras e da rígidez. Detesto perder um controlo que raras vezes sei que tenho. Queria ter lutado menos em alguns momentos e mais noutros. Queria não saber o que é ser vencido pelo cansaço. Queria saber lidar com os elogios da vitória. Queria não me perder tantas vezes nessa luta que nem sei se a comecei ou se a estou a acabar. Queria não ter medo. Do que não controlo, do que controlo demais, das circuntâncias, dos outros, de mim mesma. Queria ter percebido mais cedo umas tantas coisas e mais tarde umas tantas outras. Queria não ter acreditado tanto e ao mesmo tempo tão pouco. O problema é mesmo esse: eu quero sempre o querer e já não o sei ser de outra forma. Com ele há algo que se transforma constantemente. 




segunda-feira, 11 de março de 2013

Párem lá de criticar as miúdas....

Quem  cresceu nos anos 90 e não teve pelo menos um destes pósters no quarto que atire a primeira pedra....






Ok ok... Não tatuavamos o nome deles nos braços nem acampavamos nos concertos. Mas também isso não nos era tão facilitado nem existiam tantos meios de divulgação como agora. Eu pelo Enrique tinha chorado coisita que se visse e era bem capaz nas fases mais críticas de tatuar uma estrelita (ok ok de novo, graças dou por nunca me ter passado pela cabeça tão coisa).

O saber esperar...

Tenho grandes problemas com a gratificação diferida. Sabendo que tenho direito a uma coisa, sabendo que tem de sair um resultado ou mesmo uma resposta, não descanso. A parte boa é que sou igual quando tenho de ser eu a fazer as coisas e não sei procastinar. Sabendo que tenho de as fazer dou por mim a ficar ansiosa quando passa um pedacinho de tempo a mais. Se ganho alguma coisa com isso? Salvo raras vezes, não. Se perco? Ui se perco... Uns anos valentes... Esperar é um dom, já vão dizendo... Onde é que ele é mesmo aprendido? 

Inspira, expira (é das poucas coisas que resulta). E tenham uma boa semana*




sexta-feira, 8 de março de 2013

No dia da mulher só me vem isto à cabeça....

Dois apresentadores de uma televisão holândesa. Eletrodos para causar uma sensação relativamente semelhante à dor de parto (atenção que eu acho que não deve doer nem metade e na mulher a isto acrescentam-se a dilatação e todas essas coisas que ainda não experimentei mas que sei que são complicadas para lá de muito). A cara deles. Um precisou de oxigénio. 

E agora ainda perguntam porque é que as mulheres são para lá de espetaculares?



quinta-feira, 7 de março de 2013

Valeu a pena....

Porque hoje é um dia feliz. Apesar da tempestade hoje sinto que nada pode afetar o momento. Acima de tudo vou ser recompensada por muitos anos de esforço. E nem consigo explicar o que sinto. 

Tenham um dia excelente*



terça-feira, 5 de março de 2013

Ao Hugo, simplesmente Hugo...


Morreu Hugo Chavez. Não deixo de me inquietar com a carta que a ex-mulher lhe escreveu. Ultrapassando todas as questões ideológicas, políticas e corruptas...Raios me partam se quereria ser lembrada assim...

Hugo,
(...)
Diz-me, neste momento, antes que te apliquem uma nova injeção para acalmar as dores insuportáveis de que padeces, vale a pena que me digas que não te possam tirar a dança – ah! – as viagens pelo mundo, os maravilhosos palácios que te receberam, as paradas militares em tua honra, as limusines, os títulos honoríficos, os pisos dos hotéis cinco estrelas, as faustosas cenas de estado... Diz-me agora que vomitas a sopa de abóbora que as enfermeiras te dão na boca, se era sobre isso que se tratava a vida, pois os brilhos e as lantejoulas já não aprecem nos monitores e máquinas de ressuscitação que te rodeiam, as marchas e os aplausos agora são meros bipes e alarmes dos sensores que regulam teus sinais vitais que se tornam mais débeis.

Podes escutar o povo do teu país do lado fora do teu quarto?... Deve ser a tua imaginação ou os efeitos da morfina, não estás na tua pátria, estás em outro lado, muito distante, entre gente que não conheces... Sim, estás a morrer no teu próprio exílio, entre um bando de moços a quem confias-te o teu próprio país, teus últimos momentos serão passados entre chulos e vigaristas, entre a tua coorte de aduladores que só te mostram afeto porque lhes davas dinheiro e poder; todos te olham preocupados e com raiva, nunca deixastes que nenhum deles pudesse ter a oportunidade de te suceder; agora os deixas ao desabrigo e teu país à beira de uma guerra civil...
(...)

Bem, despeço-me; só queria que soubesses que passarás para a história do teu país como um traidor e um covarde, por não teres retificado tua conduta quando pudestes e por te deixares levar por tua soberba, por teus ideais equivocados, por tua ideologia sinistra renunciando aos valores mais apreciados, a tua liberdade e à liberdade dos outros, e a liberdade nos torna mais humanos.

Nancy Iriarte Díaz

segunda-feira, 4 de março de 2013

Não nos devemos desprender de amores antigos....

.... e os brincos são um dos meus maiores.


































Lembro-me...

...muito bem do ano em que o Rui Pedro desapareceu. Moro relativamente perto da sua cidade e lembro que haviam papeis em todos os cafés, restaurantes, mercearias.... Lembro do fundo com bonecos e da cara de reguila com que ele aparecia na foto. Acho que a decorei, acho que todos por cá decoramos cada pormenor daquele pedido de ajuda. Lembro-me de ter medo de que o mesmo me acontecesse a mim, lembro-me de me sentir incomodada cada vez que alguém menos conhecido me falava. Tenho na minha cabeça as palavras dos meus pais a recomendarem-me cuidado, tenho no meu coração todas as vezes em que me agarravam a mão com força cada vez que estamos num local com pessoas menos conhecidas. Não  foi só o Rui Pedro que desapareceu. Foi um pouco da ingenuidade e da liberdade de todos os que contactaram com o caso. A partir daquele dia nunca mais estas aldeias e cidades foram as mesmas, nunca mais as crianças brincaram nas ruas com a despreocupação de outrora. Hoje, o Afonso Dias foi acusado. Nada muda. O Rui Pedro não voltou e nada é como antes.